Em 1942, o lugar-tenente Caldwell, do escritório das Operações Navais de Washington, enviou uma carta a Walt Disney em Hollywood para pedir um pequeno emblema para os novos aviões da armada americana. Estávamos em plena Segunda Guerra Mundial e o responsável por desenhos como Rato Mickey e Pato Donald não demorou mais do que alguns dias a enviar um desenho com um mosquito em cima de um torpedo a aproximar-se rapidamente da água. Os militares americanos gostaram tanto do trabalho de Disney que rapidamente este selo foi colocado em todos os aviões-torpedo. Este episódio não foi a primeira ligação dos desenhos de Disney à guerra: em 1939, o famoso desenhista já tinha feito um novo design para o logótipo militar americano e esse foi o início de uma longa e frutífera parceria.
A moda gerada pelo desenho do mosquito extravazou os torpedos e os EUA: rapidamente, todas as tropas aliadas quiseram dar um toque especial aos veículos de guerra. Tal como as antigas insígnias dos cavaleiros medievais funcionavam como uma forma de identidade, as tropas aliadas (especialmente americanas) pediam que as suas frotas fossem personalizadas pelos estúdios da Disney - o que funcionava tanto como motivação para os soldados, como propaganda aliada. É de notar que, além desta colaboração, Disney trabalhou para o FBI e produziu filmes de propaganda militar, nos quais utilizava as suas personagens mais conhecidas. Ao todo, completou mais de 1200 desenhos para os militares americanos e chegou a ter cinco desenhadores
dedicados exclusivamente a este trabalho entre 1939 e 1945.
Esta ligação de Disney às tropas americanas impulsionou, muito provavelmente, a "nose art" que integra todos os desenhos e assinaturas que os militares pintavam nos seus veículos (quer sejam terrestres, aéreos ou marítimos). O nome advém do facto de os tripulantes pintarem o "nariz" dos seus aviões na Primeira Guerra Mundial, mas foi na Segunda Guerra Mundial que estas pinturas se tornaram um hábito comum, o que muito se deve à influência de Disney. Os tripulantes mais dotados aprenderam a copiar os desenhos do artista, incluindo mensagens com humor ou patrióticas.
Patriota e indubitavelmente defensor dos valores americanos, Disney foi um apoiante fervoroso das tropas americanas. Ajudou a criar a "Aliança do Cinema para a Preservação dos Ideais Estadunidenses" (organização anti-comunista) e prestou vários depoimentos na "Comissão das Actividades Antiamericanas". Depois do final da Segunda Guerra Mundial, o governo soviético proibiu a exibição dos seus filmes no país.
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